quinta-feira, 31 de março de 2011

Destaque para o Inverno 2011 // João Pimenta


O inverno 2011: João Pimenta se confessa não muito fã de fazer concessões. Mas mesmo assim, em sua segunda temporada no SPFW, apareceu com um outro viés do seu trabalho. Comercial, nem tanto. Mas mais limpo e (um pouco) menos barroco - quase que quase minimalista, com poucas cores e formas.

Ele continua com seus estudos de novas silhuetas, propondo uma mescla do feminino no masculino. Desta vez, o trapézio (a famosa silhueta em 'A') comanda sua cabeça. E nisso mescla, para efeitos de passarela, signos dos uniformes clericais, batinas e afins, com uma pitada de militarismo.

O resultado é uma boa série de alfaiataria em lã e veludo, com casacos e blazers, coletes desabotoados e túnicas compridas. O trapézio também alarga as mangas e as calças, recolhendo e melhorando as afamadas bocas-de-sino. Sempre usadas com coturnos pesados, abertos no calcanhar e biqueira acentuada.

As calças, sempre bonitas, alargam as ancas (às vezes um pouco demais) com pregas pequenas ou máxi. O abotoamento é invertido, feito na cintura, em contraste com as boas golas quadradas que optou para a temporada - opção para os rapazes que já cansaram das golas em V. O trabalho manual também se faz presente: a renda da temporada passada foi substituído pelo crivo em linho, técnica clássica dos paramentos litúrgicos. Ele também faz tricô pela primeira vez, com belos resultados.

Bermudas/saias enganam o olhar e tentam mais uma vez incluir essa opção no guarda-roupa dos mais modernos, mas sem caricaturas. João até entra na onda das longas saias plissadas, que apareceram em outros desfiles deste SPFW, que podem agradar até àquelas órfãs de quando o estilista ainda fazia roupas femininas.

Além das peças usáveis - que, realmente, estão menos escondidas do que na sua estreia durante o verão -, vale observar a construção de imagem de João e suas pensatas sobre o novo masculino.

Desta vez, ele quis "forçar a barra" no desejo inconsciente dos homens pelo caimento e fluidez dos tecidos no corpo, característica que não é comum no guarda-roupa masculino. "Que homem nunca pegou a barra da cortina e enrolou na cintura, pelo menos uma vez, para ver como fica?", brincou ele. Faz sentido, não faz? É um belo de um caminho a se desbravar.

Fonte: Chic // Gloria Kalil

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